DECÁLOGO DO ADVOGADO (Couture)

I

Estuda

O direito transforma-se constantemente; se lhe não seguires os passos serás, dia a dia, menos advogado.

II

Pensa

O direito aprende-se estudando, mas aplica-se pensando.

III

Trabalha

A advocacia é uma tarefa fatigante posta ao serviço da Justiça.

IV

Luta

O teu dever é lutar pelo direito; quando encontrares o di­reito em conflito com a justiça, luta pela justiça.

V

Sê leal

Sê leal para com o cliente, a quem não deves abandonar senão quando reconheceres que é indigno de ti; leal para o adversário, mesmo quando ele seja desleal contigo; leal para o juiz que, ignorando, os fatos deve confiar no que alegaste e que, quanto ao direito, deve, de quando em quando, aceitar os precei­tos que invocaste.

VI

Sê tolerante

Tolera a verdade alheia na mesma medida em que quiseres que seja tolerada a tua.

VII

Sê paciente

O tempo vinga-se das coisas que são feitas sem a sua cola­boração.

VIII

Tem fé

Tem fé no direito, que é o melhor instrumento da convivên­cia humana; na justiça, que é o destino normal do direito; na paz, que é o bondoso sucedâneo da justiça; e, sobretudo, tem fé na liberdade, sem a qual não existe direito, nem justiça, nem paz.

IX

Esquece

A advocacia é uma luta de paixões. Se em cada batalha que travares fores carregando a tua alma de rancores, vira um dia em que a vida se te há de tornar insuportável. Terminado o combate esquece, logo, tanto a tua vitória como a tua derrota.

X

Ama a tua profissão

Procura ter a advocacia em tal conta que, no dia em que o teu filho te pedir conselho sobre a carreira que há de seguir, consideres uma honra propor-lhe que seja advogado.

Este é um dos vários decálogos criados para a profissão. Este, o mais conhecido, com a sua introdução e exegese, foi publicado por Cou­ture em folheto editado em 1949.

E teve tal acolhimento na América Latina que só até 1952 se esgotaram seis edições: quatro na Argentina (Buenos Aires, 1949, 1950, 1951 e 1952) duas no Brasil (Rio de Janeiro, 1950 e S. Paulo, 1951).